A boa política além dos condes e condessas 1m364h
Vemos no Brasil, em Brasília e em Botucatu, uma prática política ruída que se baseia na construção midiática de um líder 674h1m
por Daniel de Carvalho
De tempos em tempos é resgatada a ideia da boa política, a necessidade do respeito entre os concorrentes às vagas nas funções públicas e a mídia, tanto quanto a cidade e todo país, se vê na obrigação de defender os bons costumes e a tolerância, mas onde estavam todos enquanto a disputa pelo poder público estava definida, na entressafra eleitoral?
Há tempos o PSOL vem denunciando vários pontos a que tínhamos aversão da prática política executada na cidade. Criticamos posicionamentos de Secretarias e secretários, de Conselhos e conselheiros, Prefeitura e prefeito, Câmara e vereadores, de cidadão e cidadãos, sempre com nosso posicionamento e ação em destaque, nossa ideologia de não aceitação a qualquer ameaça à democracia e aos direitos, na luta por uma democracia radical sem intermediários, apontando a incoerência do que se tem falado com o que se tem praticado. Não conseguimos ignorar hoje que sempre fomos destratados assim como todos cidadãos que se levantam e questionam os reinados. Quando ouvidos, como na situação de prestação de contas do município, um exemplo simples perto das grandes ações, historicamente praticada às 9h da manhã de dia de labuta, neste quadrimestre realizado em período noturno, subimos um degrau na democracia mas queremos mais, queremos subir a escada toda. Corremos pelos canais do executivo e do legislativo municipal para termos o ao balanço e prepararmos nosso eleitorado militante assim como amigos vigilantes para o momento, mas fomos cordialmente ignorados pelo Secretário de Finanças que justificou a falta de retorno por ‘problemas técnicos’, e pela Câmara ao responder que era de praxe receberem o documento, e apresentarem aos vereadores, apenas no dia da sessão.
A prestação de contas é exigida por lei e assim o fazem, por praxe. E ficamos assim, filiados, militantes e questionadores da vida pública, respeitosamente a ver navios mais uma vez. Já encaminhamos várias representações e solicitações via canais abertos ao público, denunciamos na rede social e sim, assumimos, falhamos em não lutar por nossos direitos via medidas jurídicas e hoje, todos os dias, colhemos o fruto do mau hábito do medo pela perseguição e coação que o poder político e econômico elitista fazem. Hoje, após essa exposição solitária na luta por mudança, vemos que não estamos sozinhos nessa caminhada, só estávamos espalhados, e o que era medo se fortaleceu em esperança e alimenta a luta pelo sonho de uma cidade transparente e igual para todos, um sonho que sonhado juntos se transformará em ações práticas nos anos por vir. Que o medo alimente a luta.
Somos um partido popular – pobre, destratado e excluído do poder político, por enquanto, mas com muito orgulho de nossa história e identidade – porta-voz da indignação não somente a um ou outro partido mas a todo sistema político falido de interesses e abusos que aprisiona o poder centralizando-o nas mãos de poucos e ignorando a população, a plebe obrigada a concordar e acreditar na propaganda fantástica de estarem representados mesmo sem nunca serem de fato ouvidos e suas demandas aceitas sem que em pelo crivo dos interesses de bastidores.
Vemos no Brasil, em Brasília e em Botucatu, uma prática política ruída que se baseia na construção midiática de um líder, mas ignora que temos 28 partidos em Botucatu, muitos sem ideologia além da luta por secretarias, se alimentando dos interesses desta prática oportunista e movimentação de dinheiro nos bastidores, negociação de cadeiras e troca de favores. Das torres do castelo apresentam nossa indignação como proposta eleitoreira e sobre isso só lamentamos sermos um partido novo sem poder financeiro, um poder interesseiro, ou de construção de canais na mídia com a mesma visibilidade dos milhões e coligações que este sistema falho criou em nossa cidade. Não chegamos tarde, chegamos na hora necessária e chegamos para ficar.
A prática política se faz todo dia com coerência e não com ilusão, o bom político respeita o cidadão e, como diz o ditado, ‘uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa’. Seguiremos denunciando o inaceitável e apresentando nossos questionamentos em respeito a nosso direito, de nossos familiares, amigos, militantes e de cidadãos anônimos que assim se veem representados no questionamento, e nesse caminho convidamos a todos para se incluírem na indignação e que todos nos defendamos com a proposta democrática e transparente de um poder público que represente a todos e a cada ambição individual. Acreditamos que sempre, em todo governo, a população deve ser oposição ao poder público eleito e assim nunca deve se ver satisfeita, propondo, investigando e questionando para que aqueles que, com o poder que lhes foi confiado, façam o exercício representativo e democrático, aberto e transparente, e como eleitos defendam sua exposição pois este é um compromisso assumido quando se propam a esta função. Ao conquistarmos o voto de confiança nas urnas esperamos que todos nos ajudem a desenvolver um sistema claro a serviço da população, com políticos sem dogmas, tabus ou tronos, sempre questionados e cobrados para que a população se faça inclusa na sociedade, respeitados como todos merecemos ser.
A proposta do PSOL é pelo fim dos reinados e inclusão de todos na luta por seus direitos – nenhum governo nos representa, eleito ou provisório – e que o cidadão seja o ponto de partida de toda proposta e tenha a palavra final sobre toda ação pública. Somente neste caminho de inclusão democrática de todos no debate, o diálogo será bom e nenhuma denúncia será caluniosa ou falsa pois, com transparência e verdade expostas, todos terão plena noção da negociata e jogo político que está em trâmite, e todos seremos responsáveis por alimentarmos os maus hábitos ou sermos defensores da verdadeira mudança. A história escreve porque o PSOL é um partido necessário.
Temos que abrir a caixa de pandora do poder político para vermos sem o olhar da mídia ou da propaganda, mas apenas com nossa leitura nua e crua, pura, o que se a na política, na nossa política construída com nossa omissão ou aceitação. Cobramos hoje e cobraremos amanhã como esperamos que todos o façam todos os dias, questionando a intolerância na mesa de jantar, na rede social, na Câmara dos Vereadores, nos Conselhos municipais ou onde for necessário. A boa política se faz todo dia desde que nascemos e não há boa luta, mas sim LUTA, um ponto necessário e ponto final. Seguiremos juntos, todos, ninguém fica para trás.
Daniel de Carvalho é publicitário e Secretário de Comunicação do PSOL 50 Botucatu.
**Os artigos assinados por colunistas não traduzem necessariamente a opinião do Notícias.Botucatu.