Um Momento Histórico no Transporte Urbano! 2h2zh

O trabalhador também ‘virou gente’ e mereceria respeito e dignidade assim como os que o garantiam onde trabalhar 1au5c

por Daniel de Carvalho

Ano após ano, medida após medida, vemos como funciona nossa economia e o planejamento da gestão pública. Acreditamos que agora é o momento para debatermos sobre o transporte urbano e o interesse em construirmos uma cidade pensada por todos para uso de todos, além do projeto de centralização das decisões e obediência curralesca das políticas adotadas.

Daniel de Carvalho é publicitário
Daniel de Carvalho é publicitário

Na história de desenvolvimento vemos vários momentos cruciais. O ponto de partida que tomamos para o transporte humano seria a invenção da roda – porque não? – datada de 4.000 a.C. Seu uso para o transporte foi amplamente difundido e tomado como norte para o desenvolvimento das cidades após o século XX. A roda tomava outra função essencial, a de aumentar o rendimento das máquinas com seus equipamentos e ferramentas a cada dia mais eficientes. Tempos se vão e se foram e muito se ganhou no transporte urbano com a cidade que crescia industrializada. Poucos ganharam, ficava tudo com os industriais. Industrialização, capitalismo, greve, direitos, o século XX e seus choques. Os trabalhadores viam-se distantes dos luxos que sustentavam à elite, nas carroças e cavalos, carros. Seu transporte urbano eram os pés no chão. Seu dia, suas horas, sua consciência não era mais sua, a havia vendido. Na opção pela industrialização apenas o salário garantiria seu dia e o de sua família. Sua vida não era sua. Restava andar com pés no chão, um na frente do outro, além das alternativas que apenas o dinheiro poderia proporcionar, educação, médicos, viagens, luxos que só o dinheiro poderia comprar. Trabalhavam sem parar e não havia como pagar. Uniram-se. Pararam, calaram o barulho das máquinas com greves e foram às ruas, as rodas pararam de rodar. Estes empregados tiveram seus direitos reconhecidos, direito ao mínimo que a vida deveria proporcionar.

O trabalhador também ‘virou gente’ e mereceria respeito e dignidade assim como os que o garantiam onde trabalhar, isso ninguém poderia mais vender ou comprar. Conquistaram o direito a parar de trabalhar para almoçar, se ausentar para tratamento de alguma doença, crianças foram excluídas da linha de produção para estudar, alimentação, saúde, e muito se conquistou, férias – e salário para as férias -, escola para sua família, saúde para si e para seus filhos. Muito se fez no século XX, muito se conquistou e muito nos garantiu, nossa visão de cidade em muito se desenvolveu e entramos o novo século com novos sonhos, além dos meus, os nossos, o sonho de uma cidade para nós.

Estamos no século XXI, precisamos de uma cidade que nos transporte para o século XXII que queremos. Um século de inclusão, diversidade, respeito e planejamento coletivo, ninguém fica para trás, erradicando a desigualdade. Em setembro de 2015 foi incluído na Constituição Brasileira o direito ao transporte. Todos trabalhamos e merecemos, no mínimo, o direito ao transporte e o à cidade, isso manda a lei. Não há o direito a ônibus para trabalhar, ônibus para estudar, ônibus para aposentado após a vida toda trabalhar. Temos direito ao transporte, e não importa para que, enquanto isso nossos políticos garantem direito apenas ao que é interessante e justificam com a meritocracia. Se queremos um mundo que respeite a diversidade e inclua todos na tomada de decisão da cidade, precisamos parar de nos interessar nos motivos da vida do outro e lutar para garantir que todos tenhamos nossos direitos e façamos dele o que quisermos. E isso é possível, o e Livre em Botucatu é viável.

Todos temos direito a ir e vir, e a Constituição protege isso. Protege inclusive que tenhamos um transporte para isso. Porque o poder público não constrói esse debate por nossa cidade? Porque nós não pensamos como saímos dessa enrascada para planejarmos juntos nossa cidade? Porque não mudamos de século e enxergamos que o real inimigo do transporte urbano é o egoísmo do transporte individual!? Vamos aos números. Em Botucatu, hoje com quase 140 mil habitantes, temos aproximadamente 45 mil cidadãos com carteira registrada e salário médio de R$ 2.995,00, segundo IGBE.

Nossos custos em transporte relacionado ao trabalho e ao lazer giram em torno de 13% da renda deste trabalhador, segundo estudos, o que soma um gasto geral em transportes de empresários e trabalhadores em nossa cidade de ~R$ 15.600.000,00 por mês – isso mesmo, mais de R$ 15 milhões por MÊS – enquanto a estimativa de #e Livre para todos gira em torno de 5% da renda da cidade – no Brasil temos 12 cidades que já aderiram ao e Livre viram os benefícios para o comércio que viu este dinheiro retornando para as ruas ao invés de seguirem concentrados em alguns poucos bolsos, e garantirmos transporte para todos nós precisaríamos em torno de R$ 22 milhões por ANO (dados do Portal de Transparência 2014). Precisamos analisar os gastos de cada um como um gasto de toda sociedade e planejar uma saída equilibrada com ganho a longo prazo para nossa comunidade e próximas gerações. Todos indo juntos, ninguém à frente e ninguém atrás.

O novo século pede uma alternativa sem a luta de classe, respeito ao trabalhador como ao empregador. Planejemos uma cidade coletiva, uma Botucatu livre. A cidade como um todo deve buscar alternativas para neste século solucionar este problema sem mausoléus ou obras que são hoje necessárias graças aos planos do ado, mas amanhã certamente serão ineficientes e com frota de carros poluentes inaceitáveis. O poder público tem que construir esse debate. Transporte para todos irem e virem, visitarem e trabalharem, comprarem, não importa.

Precisamos rever nossas políticas, construir laços horizontais onde o foco seja o debate e a construção de uma cidade de todos, que respeite o direito de todos por igual, sem luxo ou deficiência e, principalmente, que os beneficiados sejam todos, uma cidade realmente democrática que garanta a todos benefícios semelhantes. Seguiremos de olho no século XXII, onde iremos conversando sobre o direito ao transporte, a economia para o cidadão em meio à crise, com transporte coletivo desenvolvido e eficiente, economia ao empresário em meio às preocupações, e garantiremos diminuição drástica de nossas pegadas destrutivas no meio ambiente, diminuição do trânsito, dos acidentes. Aguardamos ansiosos e lutaremos pelo momento histórico onde teremos novas soluções, coletivas e realmente democráticas, inclusivas, para resolvermos velhos problemas. Seguiremos todos juntos, ninguém fica para trás.

*Daniel de Carvalho é publicitário e Secretário de Comunicação do PSOL Botucatu.

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